A garota dos longos cabelos escuros não conseguia dormir. Já passava da primeira hora da manhã e estava com sono, mas não conseguia pregar os olhos. Beatrice estava agitada; um único pensamento em sua cabeça não a deixava descansar naquela madrugada de sábado.
“E se…” – pensava alto. A dúvida do que poderia ter acontecido de diferente assolava sua mente. Resolveu levantar da cama, afinal, se não havia conseguido dormir até aquele momento, não conseguiria fazê-lo tão cedo. Desenrolou-se das cobertas e levantou. O frio a fez tremer. Uma vontade súbita formou-se em sua cabeça: sair de casa.
Vestiu o primeiro casaco que encontrou. Olhou seu celular sobre a mesa; resolveu deixá-lo lá, ninguém a ligaria àquela hora, todos tinham seu sono tranquilo. Menos ela. Bateu a porta e saiu para a rua.
Respirou fundo e piscou os olhos duas vezes. Sua cabeça não parava de fervilhar com dúvidas, incertezas e imagens do passado. Cansada e ainda com sono caminhava pela rua deserta, quando de repente, a chuva começou a cair. Uma chuva fina e de água gelada, do jeito que a garota gostava. Olhou para cima e deixou as gotas d’agua tocarem sua face. Aquela era, decididamente, sua sensação favorita.
Um sorriso involuntário brotou em seu rosto quando percebeu que estava cantando. Cantando na chuva. Simples assim; feliz assim. Logo começou a dançar; dava voltas em torno de si mesma. E cantou mais alto. Betrice parecia uma criança que acabara de descobrir a chuva. Sua felicidade era pura e verdadeira.
A Beatrice que havia saído de casa triste e amargurada transformou-se numa Beatrice despreocupada e alegre. Afinal, quando a chuva cai, você a deixa cair; a única coisa que se pode fazer é aproveitá-la; da mesma forma que não se pode impedir a chuva, não é possível alterar atos passados, portanto é preciso aceitar e viver o presente, sem esquecer de buscar o futuro.
E foi isso que Beatrice percebeu.
Texto: Blog. Crazy Little Thing
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Beijinhos, B.